sábado, dezembro 27, 2008

Meu Amor

Se você quer ser meu amor, que lindo amor eu teria. Se quer assim, chega perto e diz, que tem saudade. Que tem um olhar carinhoso, um abraço gostoso, um pensamento aberto. Abre a boca e recebe o beijo demorado, a mão que por ti passeia. Fala com sua voz rouca em meu ouvido, sente minha pele e toca minha alma. Completa-me. Conta como foi seu dia entre risos, pisca olhando para mim, ama-me como se fosse a última vez. E em cada ausência sua, sentirei falta do seu cheiro, mas por toda minha vida saberei que é uma eterna desventura estar ao seu lado. Canta à toa, infinitamente, porque não me interessará o tempo, as horas, as ruas, as estações. Depois de ter você, quero ser somente sua, ainda que eu não sabia como, onde, quando. Caminho na estrada, escrevo para ninguém. Não lembro onde deixei meu barco, minha rota que o destino me deu. Espero. Espero que não me deixe sem seu beijo. Sem seu jeito. E entre nós há o desejo. Entre nós há o momento. Momento em que eu te quero. Quero o nosso amor. Que segue como um rio. Sem ponte. Sem limites. Que vai além de nós.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Da Sabedoria.

Quando as saídas parecem ausentes, é melhor se comportar como se tivéssemos quatro pernas em vez de duas, para que mantenhamos os pés firmes e seguros de onde vão. Precisamos agir um pouco menos com a cabeça e mais com o coração, porque ele até pode se enganar, mas ele tem muito mais conhecimento para lidar com emoções fortes do que toda biblioteca que nossa mente é capaz de guardar.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Escolha ou Sorte

Através do sexo estamos ligados a muitas pessoas. De uma maneira meio única. Troca de fluídos, sensações. Troca de experiências. Os contatos que já tivemos. Muitos dos sentimentos que já sentimos com outras e por outras pessoas. Perpetuação da espécie. Apenas desejo. A modificação do corpo. Pedido e recebimento. Hormônios. Cheiros. Toques. Sensibilidades. Uma promessa, talvez. Uma espera, outras vezes. Uma expectativa, quase sempre. A complexidade das relações humanas e a simplicidade dos instintos animais. É isso! Escolha ou sorte.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Newton, Galileu, Pascal, Einstein e Nós

Ao considerarmos a Física, concluímos que referencial é um sistema de coordenadas usado para se medir e registrar as grandezas, como velocidade, posição, aceleração, campos gravitacional e eletromagnético. Assim, cada observador deve escolher um referencial para que se possa realizar suas teorias e elaborar suas hipóteses. Baseado nisso, é importante saber que as conclusões tiradas das análises em dado referencial não podem depender da escolha, posição ou velocidade do referencial adotado pelo observador. Para que isto seja verdade, as leis da Física devem ser independentes do sistema de coordenadas escolhido pelo observador para sua formulação.

Está tudo muito complicado? Calma eu eu já explico! Resolvi me utilizar da Física, uma ciência exata, para refletirmos sobre um tema nada exato: o comportamento humano social. Tive essa idéia, quando, um dia desses, li a tese de mestrado de um psicólogo, Fernando Braga da Costa, onde ele aborda brilhantemente como estamos condicionados a tratar as pessoas de acordo com as funções que essas exercem. Em sua tese ele lança uma declaração fantástica e, porque não dizer, bombástica. Fernando diz: " Fingi ser gari por anos e vivi como um ser invisível". Confesso que fiquei chocada com isso em um primeiro momento. Logo depois, porém, comecei a refletir sobre o tema, mas principalmente a me auto-julgar. Tentei me lembrar de todas as vezes em que não dei "bom dia" , um "boa noite", um "como você está", um "até logo". E honestamente, me senti muito mal, porque me dei conta que eu simplesmente não lembrava. E por quê? Porque eu ajo, muitas vezes, como boa parte das pessoas agem. Ignoro. Ou o que é pior, nem percebo.

Certo. E o que a Física tem a ver com isso tudo? Tem a ver que tudo o que escolhemos, observamos, optamos, como nos comportamos, depende de um referencial. E nós, os observadores, quase que sempre, adotamos nosso referencial o correto, o genuíno, o único. Nesse momento, entretanto, podemos pensar que escolhemos o que escolhemos, somos o que somos e fazemos o que fazemos, porque tivemos determinadas experiências na vida que nos levaram a adotar determinadas posturas. Concordo. Agora tem um aspecto muito relevante: não é porque sempre tivemos um determinado "condicionamento" é que devemos continuar a executá-lo de forma contínua sem reflexão alguma. Somos seres pensantes não? Pois então! Acho que nesse quesito a Física pode nos ser de grande valia, já que nossas conclusões não podem depender de nossos referenciais, devem ser independentes disso, respeitando uma lei, que, no nosso caso, deve ser o respeito a outro ser humano. Humano que sofre, que tem fome e sede, que se alegra, que tem necessidades como as nossas. Humano que nos olha, mas nem olhamos. Humano que nos presta um serviço, mas em boa parte do tempo não damos o valor.

Newton, Galileu, Pascal e Einstein foram homens científicos, contribuíram muito para a humanidade. Avançamos em muitos aspectos, é verdade, mas infelizmente, há pontos onde somos seres pré-históricos. Evoluímos racionalmente, mas, estamos francamente aquém em aspectos sociais e humanos. Já está na hora de evoluirmos. Mudarmos. Fazermos, de cada um de nós, um Newton de nós mesmos. Porque, ainda que as leis da mecânica, estática ou quântica existam, há uma lei maior que devemos ter sempre em mente: a de sermos todos humanos, e, por isso, sermos todos iguais.







quinta-feira, dezembro 11, 2008

De mansinho, de cantinho, com carinho

Aos amores que não tive dedico o agora. A surpresa fora de hora. O sim de permanecer ao teu lado. O abraço demorado. O beijo prolongado. O amanhecer a que assistimos. A noite em que dormimos vendo as estrelas. Nossas conversas sobre teatro, cinema, livros, música. Nossas conversas sobre o nada. O azul do céu que ficou mais azul. O colorido das flores que ficaram mais coloridas. Aquele dia em que chegaste mais cedo. Aquela madrugada em que ficamos acordados até tarde. O perfume que é só teu. O calor do teu olhar que é só meu. O sol da praia em que nos encontramos. A chuva do nosso primeiro beijo. O sorriso acanhado. O rubor envergonhado. A estrada das possibilidades. O mar de sentimentos. A espera do teu adormecer. O carinho do teu despertar. A entrega do sexo. A volúpia do amor. A tragédia do romance. O inexorável do desejo. A furtividade do eterno. A permanência do efêmero.
Quisera ter tudo. Quisera perder nada. Quisera todos os sentimentos do mundo. Quisera a intensidade na sua totalidade. Quisera o calor, o pranto, o sorriso. Quisera todo o amor do mundo, para em ti repousar. Mas tu, não chegas, não passas, não olhas, não ouves.
Talvez seja tarde. Tarde para esperar. Tarde da madrugada. E eu cansei. Deito.Tranqüilizo minha mente. Acelero meu coração. Sei que hoje, logo mais, vamos nos encontrar. Ainda que seja assim, de mansinho, de cantinho, com carinho, enquanto eu me ponho a sonhar.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Das dificuldades

A dificuldade não está em estruturar o alicerce e tampouco construir o muro. A dificuldade está em se ter a curiosidade e a coragem, para que olhemos do outro lado.

sábado, dezembro 06, 2008

À Espera do Príncipe no Cavalo Branco

Estou lendo " Eat, Pray, Love" , da Elizabeth Gilbert, e logo nas primeiras páginas a personagem entra em surto em uma madrugada. Casou-se há pouco tempo e agora chegou "a hora" de ter filhos. Então ela chega a seguinte conclusão: que, enquanto ela se sentir da mesma forma com relação a ficar grávida e a viajar para a Nova Zelândia, ela não poder ser mãe.

Bom, mas onde eu estou querendo chegar. Estou querendo chegar que, ainda nos dia de hoje, somos meio que pressionados a desempenharmos determinados papéis. Como se tudo tivesse tempo exato para ocorrer. Ou o que é pior. Como se o modelo de felicidade de um ou de outro fosse o modelo de todos. Até porque felicidade, pelo que eu sei, também não tem nada a ver com modelos ou padrões.

O caso todo é que infelizmente muitas pessoas esperam de si, ou melhor, esperam das suas vidas e das vidas alheias que, quando se chega aos 20 e poucos tu já tenhas uma profissão, ou pelo menos quase isso, encontres o amor da tua vida e a partir daí te prepares para morrer! Sim! É exatamente isso que eu penso! Porque, a partir daí, é como se as coisas já estivessem meio que traçadas. Daí tu te formas, casas ou vais morar junto e depois vêm os filhos. E o mais incrível, é que, se alguma dessas etapas não forem "perfeitamente" preenchidas, podes ter certeza que te farão muitas perguntas. As pessoas da família, os amigos, os vizinhos, o porteiro, sabe-se lá quem mais. Todo mundo quer saber. Fala sério pessoal!

Primeira coisa que isso de um amor único eu não acredito muito, de qualquer forma, acho que há pessoas que se gostam o suficiente para permanecerem juntas por muitos anos. Acredito mais em momentos, fases. E penso isso porque vejo o ser humano como um ser muito mutável.

Segunda coisa: casar ou ir morar junto. Não sei quanto a você, mas eu gosto muito de ter minhas coisinhas sabe. Tudo bem. Tenho um perfil egoistinha. Sei lá. Acho que essa distância que permanece entre os casais pode ser muito sadia. De verdade. Acho que dá mais sabor às pequenas coisas.

Terceiro: ter um filho. Olha, estou para dizer que tem muita gente aí que não deveria "cumprir" essa etapa biológica. Há pessoas que não conseguiriam cuidar nem de um cactus! Quanto mais de uma criança!

Bom, mas essas eram apenas algumas das minhas divagações. Por vezes elas me tomam. De qualquer forma, não sou uma pessoa completamente desacreditada, só acho que, por muitas vezes idealizamos algumas coisas demais. Mas não tem nada não. O vida é boa do jeito que ela sabe ser. Claro que somos responsáveis por aquilo que fizemos, não acredito em destino já traçado. Agora que nem toda mocinha espera pelo príncipe do cavalo branco, ah...isso tenho certeza que não!

Lugares Proibidos

" Eu gosto do claro quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro no escuro com você na cama ".

(Adriana Calcanhoto)

Sacanagem, Tempero e Diversão

Desejo é a vontade de se possuir, ter, gozar. Anseio, cobiça, aspiração. Vontade de beber ou comer algo. Apetite. Apetite sexual. Tesão. Sentimento.

Na verdade o desejo faz parte do ser humano. Não sei isso também lhe parece, mas para mim, quando eu penso em desejo, penso como que em algo proibido. Um vontade reprimida. Sei, contudo, que essa minha percepção não condiz com o sentido literal do desejo, mas não consigo pensar diferente.

Sabemos que o desejo é um sentimento. Uma atitude mental. E tendo-se como ponto de partida esse conceito, sabemos que ele é algo necessário e natural. Necessário para lutemos pelos nossos objetivos, para que coloquemos nossos projetos em prática, não fiquemos apenas na vontade. Desejamos um emprego melhor, uma casa e um carro melhor, uma viagem, uma comida, uma bebida, uma música, uma dança, um encontro com pessoas queridas, dormir até não agüentar mais, mais dinnheiro, mais amor e saúde, mais felicidade, ter uma noite com o vizinho ou com a vizinha, morrer quando tudo dá errado, ser jovem para sempre e não morrer nunca. Agora uma coisa temos de combinar, que os melhores, aqueles que realmente dão uma gostinho especial às nossas vidas, costumam ser os desejos apenas pelo nosso prazer. Sejam conscientes, inconscientes ou reprimidos. Digamos que nossa existência ganha um lustro.

Gosto desses desejos intensos. Intensos como um café forte, uma dose de vodca, um beijo com volúpia, um abraço apertado que me tira o fôlego. Talvez sejam essas pequenas coisas que nos sinalizem que estamos mais vivos. Dão uma sacudida, levantam a poeira e dão o recado de que é maravilhoso estar vivo. Até porque, sacanagem, tempero e diversão é uma coisa que todo muito deseja, ou desejou. E se diz que não, talvez seja porque ainda está inconsciente demais ou reprimido demais. Só precisa de um empurrãozinho e de uma oportunidade para se mostrar.

domingo, novembro 23, 2008

do aparente caos.

às vezes um redemoinho pode ser o lugar mais confortável e transformador de idéias.

domingo, novembro 16, 2008

Da Metade da Laranja

Esqueça a metade da laranja. Faça um suco dela!
preciso repousar meu amor.

Só o Arroz ou Só o Feijão

Mudar de vida, de cidade, de time, de profissão, de amor, de roupa, de carro, de idéia. O quão estamos preparados para a mundança? O quão estamos atrelados aos nosso valores, costumes e opções?

Diferença de credo, posição política, raça, orientação sexual. Sabemos lidar verdadeiramente com a diferença? Que sentido damos a palavra tolerância? E a palavra liberdade?

Com toda a facilidade que temos de acesso às novidades e à pluralidade, mais e mais somos colocados em xeque diante do novo, do diferente. Claro que existe aquela concepção de que, por sermos todos da mesma espécie, somos todos iguais. O quanto disso, no entanto, conseguimos colocar em prática?

Nossas diferenças servem para nos identificar como seres únicos, com preferências distintas, mas isso não pode servir de impecilho para nossas relações. Não é porque ele é Flamengo e eu sou Botafogo que deixaremos o caldo entornar. A diferença tem de ser vista como algo muito rico, como uma oportunidade de conhecimento e evolução, e não de discórdia. Basta lembrarmos que nenhuma das culturas existentes surgiram isoladamente. Todas surgiram baseadas na troca, na necessidade de mudança. E esse conceito se estende ao indivíduo. Formamos nossa personalidade e tudo aquilo que nos pertence baseado no que vivemos. No acúmulo de experiências que adquirimos. Um ser humano é muito mais complexo do que aquilo que ele nos mostra pelo exterior. Todos têm o direito de fazer suas opções. Todos têm o direito de pertencer ao senso comum ou se manter fora dele. A fazer parte das maiorias ou das minorias. E devemos ser tolerantes com relação a isso.

E esse conceito de tolerência, em boa parte das vezes, adquire conotações meio distorcidas. Muitas pessoas encaram a tolerência como suportar algo. Como carregar um fardo permitindo que o outro se expresse em detrimento da sua liberdade. Primeiramente que a tolerência só adquire seu significado genuíno quando temos a diferença. E isso, não significa suportar, agüentar alguma coisa. Significa uma relação de liberdades fraternas. Significa ser livre e conceder liberdade de uma forma tranqüila. Sem imposição.

Desejamos e devemos ser mesmo diferentes. Diferentes para não sermos mais um na multidão. Diferentes para fazermos a diferença e não a desigualdade. Para reconhecermos o outro com o direito igualmente o nosso de mudar, questionar, optar. Até porque, essa história de comprar qualquer coisa só pelo rótulo ou por indicação não me parece ser o melhor. O melhor mesmo é se reinventar. E para isso, precisamos do outro. Daquele que é tão semelhante e ao mesmo tempo tão diferente de nós. E sejamos razoáveis: só o arroz ou só o feijão, sozinhos, não têm tanta graça. O bom mesmo é a combinação dos dois!

sábado, novembro 15, 2008

da mudança

arrume seu armário e mude suas idéias.

Da espera

Um corpo para a matéria. Os braços sempre abertos. Um coração para uma vida inteira. Seu corpo me arde. Queria arder nessa brasa eternamente. Brilho indefectível. Despedaçado. Choro para sentir. Beijo para provar. Perder a pressa para estar. Chegar e ficar. Ali. Perdido. Imóvel. Litros de café para o desespero. Desejos dormindo. Idéias tirando férias. Arrumo o armário. Leio revistas. Escrevo. Vejo. Leio. Como. Caminho. Escuto músicas. Eu sonhando. Eu esperando a maré mudar. Eu esperando o telefone tocar. Eu esperando o bater na porta.Eu, você chegar.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Hoje sinto o peso do mundo. Peso de muitas dores e sofrimento. Mas não são meus ombros ou costas que doem. Meu coração dói. Mas meus olhos não choram. E meus lábios parecem ter esquecido de sorrir. Sinto falta de ar. Cabeça leve. Idéias confusas. Ordens caóticas. O escuro dos pensamentos. A busca pela claridade dos sentimentos. Queria beijar a boca de quem não devo. Queria o abraço de quem não posso. Quero sentir o cheiro da vida. Sentir o calor e o frio. Aguçar um dos meus sentidos na tentativa de encontrar algum sentido. O amor está embotado. Meu rio parece estar cheio de pedras. Meus versos não fazem rimas. Meu braço se sente fraco. Meu corpo pede comida. Comida física, já que comida abstrata está em falta. E o vazio aqui. Companheiro permanente e fiel. Fidelidade velha, cômoda, familiar, afável.

domingo, novembro 09, 2008

"A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer". (L. Luft)

crimson ang clover


"...my, such a sweet thing,I wanna do everything
What a beautiful feeling..."
(t. james)

sábado, novembro 08, 2008

"...todos os sentimentos me tocam a alma..." (m. rita)

no descontrole do controle

Em uma cidade qualquer. Uma mulher escolhe uma roupa em frente ao espelho. Posso colocar essa blusa com essa calça ou com essa saia. A bolsa será a vermelha e o sapato pode ser esse. Não. Acho que irei com a blusa lilás e com a calça branca. Não gostei. A mulher olha pela janela. Sol e poucas nuvens. Será um dia quente. Apesar que ouvi que podia chover. Trocarei de roupa de novo. Essa me deixa gorda. Com certeza essa não. Será que no fim do dia hoje vai ter aquele happy hour. Trocarei de roupa de novo. Tá. Vou com aquela que vi da primeira vez. Droga. Já estou atrasada.

Será que nunca conseguimos fazer as coisas mais simples? Estava a me questionar isso hoje. Temos a tendência de complicarmos tudo. Ainda que sempre queiramos que as soluções sejam simples. Mas não. Temos a eterna mania de pensarmos em todos as possibilidades. O fato é que nunca conseguimos pensar em todas as possibilidades. Tentamos ter o controle. E, à medida que imaginamos estar pensando em todas as probabilidades, até cremos que de fato somos capazes de fazer a banda tocar no nosso compasso. Ledo engano! O imprevisto. Que por tantas vezes nos deixa louco. Joga tudo para o ar. Tira o trem dos trilhos. Mas o imprevisto pode ser muito útil. Pode fazer com que troquemos de rumo. Conheçamos novas pessoas e caminhos. Mudemos nossas vidas.

Talvez tentemos ter tudo sob nossos olhos com o medo de perdermos um pouquinho de tudo. Mas não é possível. Até porque, quando optamos por esse e não por aquele, já estamos deixando o aquele de lado. E daí, o aquele já não nos pertence mais. Fica fora de controle. Complicado demais? Talvez.

Só sei que em muitas vezes a vida nos joga muito longe dos objetivos que tínhamos. E isso nem sempre é ruim. Precisamos aprender com todas essas mudanças. Precisamos fazer uso de tudo isso para formarmos a visão que temos do mundo. Para permitirmos que o descontrole também comece a controlar a nossa vida. E isso, quem sabe, pode dar certo.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Perfilando o Perfil

Uma adolescente de 14 anos se olha no espelho e pergunta: quem eu sou? Um homem de 32 anos acorda e começa a se barbear. Surge a dúvida: será que era isso o que eu queria ser? Uma mulher de 50 anos olha para os filhos e indaga: serão eles parecidos comigo? Um idoso de 81 anos, em um almoço de domingo, olha para a mesa cheia, várias gerações ali representadas, e reflete: terão eles pequenos traços, gestos, que de alguma forma remetam a quem eu sou?


Acho essa história toda de saber quem se é abrangente demais. Tentarei partir do concreto para o abstrato e iniciar essa conversa. Sou uma mulher de 26 anos, residente de uma capital do país e em 1 ano estarei formada naquilo o que sempre desejei. Faço muitas coisas ao mesmo tempo, mas nem por isso as termino por completo. Talvez isso se deva a grande velocidade com que as idéias surgem em minha cabeça. Falta tempo e condições de executar tudo em tempo hábil. Talvez isso se deva ao fato de eu ser muitas coisas ao mesmo tempo. Talvez se deva ao fato de eu ser meio confusa e atrapalhada. Talvez seja uma reunião disso tudo. Ou de nada disso.


O fato é que em algum momento da vida, todos nós nos deparamos com essa pergunta: afinal, quem eu sou? E, infelizmente ou não, a idade nesse quesito não seja tão importante, porque, quanto mais se vive, mais coisas se aprende, só que junto vêm assuntos e questionamentos mais intricados.



O corpo. O espírito. As idéias. A falta de idéias. A fome. A sede. O frio e o calor. O sono. A preguiça. A euforia. O medo. O desejo. A queda. O recomeço. A vitória. A derrota. A euforia. O trabalho. O estudo. O ócio. A diversão. A família. Os amigos. Os amantes e amores. O sexo. O tesão. A cobiça. O ciúme. A ira. A gula. Os pais. Os filhos. Os netos. As certezas. As dúvidas. A comida. A bebida. O banho. O despertar. O deitar. O ler. O esporte. A música. O livro. A viagem. A casa. A rua. A cidade. O país. O completo. O vazio. A tristeza. A alegria. O riso. O choro. O abraço. O beijo. O cheiro. O sabor. A saliva. Os líquidos. Os fluídos. Tudo nos define. Tudo aquilo pelo que optamos ou não, fazemos, ou não, demonstra o que somos e desejamos. A forma como encontramos correspondência no mundo.


Já vivi uns 20 e tantos e, sinceramente, não sei se vivesse mais uns 200 e tanto saberia dizer o que realmente sou. Tornar-se quem verdadeiramente se é costuma ser muito complexo. Implica em posições, atitudes, comprometimentos e assumir determinadas posturas. E assumir carece coragem. Coragem para dar a cara para bater, para receber críticas. Coragem para mudarmos tudo de uma hora para outra, ainda que ninguém nos apóie. Coragem para o não e para o sim. Ou, se for o caso, coragem para se ver tão confuso em meio a tudo isso e resolver não pensar mais. Fechar os olhos. Colocar o pé na estrada e ir. Sempre. E ver no que isso vai dar.