domingo, novembro 23, 2008

do aparente caos.

às vezes um redemoinho pode ser o lugar mais confortável e transformador de idéias.

domingo, novembro 16, 2008

Da Metade da Laranja

Esqueça a metade da laranja. Faça um suco dela!
preciso repousar meu amor.

Só o Arroz ou Só o Feijão

Mudar de vida, de cidade, de time, de profissão, de amor, de roupa, de carro, de idéia. O quão estamos preparados para a mundança? O quão estamos atrelados aos nosso valores, costumes e opções?

Diferença de credo, posição política, raça, orientação sexual. Sabemos lidar verdadeiramente com a diferença? Que sentido damos a palavra tolerância? E a palavra liberdade?

Com toda a facilidade que temos de acesso às novidades e à pluralidade, mais e mais somos colocados em xeque diante do novo, do diferente. Claro que existe aquela concepção de que, por sermos todos da mesma espécie, somos todos iguais. O quanto disso, no entanto, conseguimos colocar em prática?

Nossas diferenças servem para nos identificar como seres únicos, com preferências distintas, mas isso não pode servir de impecilho para nossas relações. Não é porque ele é Flamengo e eu sou Botafogo que deixaremos o caldo entornar. A diferença tem de ser vista como algo muito rico, como uma oportunidade de conhecimento e evolução, e não de discórdia. Basta lembrarmos que nenhuma das culturas existentes surgiram isoladamente. Todas surgiram baseadas na troca, na necessidade de mudança. E esse conceito se estende ao indivíduo. Formamos nossa personalidade e tudo aquilo que nos pertence baseado no que vivemos. No acúmulo de experiências que adquirimos. Um ser humano é muito mais complexo do que aquilo que ele nos mostra pelo exterior. Todos têm o direito de fazer suas opções. Todos têm o direito de pertencer ao senso comum ou se manter fora dele. A fazer parte das maiorias ou das minorias. E devemos ser tolerantes com relação a isso.

E esse conceito de tolerência, em boa parte das vezes, adquire conotações meio distorcidas. Muitas pessoas encaram a tolerência como suportar algo. Como carregar um fardo permitindo que o outro se expresse em detrimento da sua liberdade. Primeiramente que a tolerência só adquire seu significado genuíno quando temos a diferença. E isso, não significa suportar, agüentar alguma coisa. Significa uma relação de liberdades fraternas. Significa ser livre e conceder liberdade de uma forma tranqüila. Sem imposição.

Desejamos e devemos ser mesmo diferentes. Diferentes para não sermos mais um na multidão. Diferentes para fazermos a diferença e não a desigualdade. Para reconhecermos o outro com o direito igualmente o nosso de mudar, questionar, optar. Até porque, essa história de comprar qualquer coisa só pelo rótulo ou por indicação não me parece ser o melhor. O melhor mesmo é se reinventar. E para isso, precisamos do outro. Daquele que é tão semelhante e ao mesmo tempo tão diferente de nós. E sejamos razoáveis: só o arroz ou só o feijão, sozinhos, não têm tanta graça. O bom mesmo é a combinação dos dois!

sábado, novembro 15, 2008

da mudança

arrume seu armário e mude suas idéias.

Da espera

Um corpo para a matéria. Os braços sempre abertos. Um coração para uma vida inteira. Seu corpo me arde. Queria arder nessa brasa eternamente. Brilho indefectível. Despedaçado. Choro para sentir. Beijo para provar. Perder a pressa para estar. Chegar e ficar. Ali. Perdido. Imóvel. Litros de café para o desespero. Desejos dormindo. Idéias tirando férias. Arrumo o armário. Leio revistas. Escrevo. Vejo. Leio. Como. Caminho. Escuto músicas. Eu sonhando. Eu esperando a maré mudar. Eu esperando o telefone tocar. Eu esperando o bater na porta.Eu, você chegar.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Hoje sinto o peso do mundo. Peso de muitas dores e sofrimento. Mas não são meus ombros ou costas que doem. Meu coração dói. Mas meus olhos não choram. E meus lábios parecem ter esquecido de sorrir. Sinto falta de ar. Cabeça leve. Idéias confusas. Ordens caóticas. O escuro dos pensamentos. A busca pela claridade dos sentimentos. Queria beijar a boca de quem não devo. Queria o abraço de quem não posso. Quero sentir o cheiro da vida. Sentir o calor e o frio. Aguçar um dos meus sentidos na tentativa de encontrar algum sentido. O amor está embotado. Meu rio parece estar cheio de pedras. Meus versos não fazem rimas. Meu braço se sente fraco. Meu corpo pede comida. Comida física, já que comida abstrata está em falta. E o vazio aqui. Companheiro permanente e fiel. Fidelidade velha, cômoda, familiar, afável.

domingo, novembro 09, 2008

"A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer". (L. Luft)

crimson ang clover


"...my, such a sweet thing,I wanna do everything
What a beautiful feeling..."
(t. james)

sábado, novembro 08, 2008

"...todos os sentimentos me tocam a alma..." (m. rita)

no descontrole do controle

Em uma cidade qualquer. Uma mulher escolhe uma roupa em frente ao espelho. Posso colocar essa blusa com essa calça ou com essa saia. A bolsa será a vermelha e o sapato pode ser esse. Não. Acho que irei com a blusa lilás e com a calça branca. Não gostei. A mulher olha pela janela. Sol e poucas nuvens. Será um dia quente. Apesar que ouvi que podia chover. Trocarei de roupa de novo. Essa me deixa gorda. Com certeza essa não. Será que no fim do dia hoje vai ter aquele happy hour. Trocarei de roupa de novo. Tá. Vou com aquela que vi da primeira vez. Droga. Já estou atrasada.

Será que nunca conseguimos fazer as coisas mais simples? Estava a me questionar isso hoje. Temos a tendência de complicarmos tudo. Ainda que sempre queiramos que as soluções sejam simples. Mas não. Temos a eterna mania de pensarmos em todos as possibilidades. O fato é que nunca conseguimos pensar em todas as possibilidades. Tentamos ter o controle. E, à medida que imaginamos estar pensando em todas as probabilidades, até cremos que de fato somos capazes de fazer a banda tocar no nosso compasso. Ledo engano! O imprevisto. Que por tantas vezes nos deixa louco. Joga tudo para o ar. Tira o trem dos trilhos. Mas o imprevisto pode ser muito útil. Pode fazer com que troquemos de rumo. Conheçamos novas pessoas e caminhos. Mudemos nossas vidas.

Talvez tentemos ter tudo sob nossos olhos com o medo de perdermos um pouquinho de tudo. Mas não é possível. Até porque, quando optamos por esse e não por aquele, já estamos deixando o aquele de lado. E daí, o aquele já não nos pertence mais. Fica fora de controle. Complicado demais? Talvez.

Só sei que em muitas vezes a vida nos joga muito longe dos objetivos que tínhamos. E isso nem sempre é ruim. Precisamos aprender com todas essas mudanças. Precisamos fazer uso de tudo isso para formarmos a visão que temos do mundo. Para permitirmos que o descontrole também comece a controlar a nossa vida. E isso, quem sabe, pode dar certo.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Perfilando o Perfil

Uma adolescente de 14 anos se olha no espelho e pergunta: quem eu sou? Um homem de 32 anos acorda e começa a se barbear. Surge a dúvida: será que era isso o que eu queria ser? Uma mulher de 50 anos olha para os filhos e indaga: serão eles parecidos comigo? Um idoso de 81 anos, em um almoço de domingo, olha para a mesa cheia, várias gerações ali representadas, e reflete: terão eles pequenos traços, gestos, que de alguma forma remetam a quem eu sou?


Acho essa história toda de saber quem se é abrangente demais. Tentarei partir do concreto para o abstrato e iniciar essa conversa. Sou uma mulher de 26 anos, residente de uma capital do país e em 1 ano estarei formada naquilo o que sempre desejei. Faço muitas coisas ao mesmo tempo, mas nem por isso as termino por completo. Talvez isso se deva a grande velocidade com que as idéias surgem em minha cabeça. Falta tempo e condições de executar tudo em tempo hábil. Talvez isso se deva ao fato de eu ser muitas coisas ao mesmo tempo. Talvez se deva ao fato de eu ser meio confusa e atrapalhada. Talvez seja uma reunião disso tudo. Ou de nada disso.


O fato é que em algum momento da vida, todos nós nos deparamos com essa pergunta: afinal, quem eu sou? E, infelizmente ou não, a idade nesse quesito não seja tão importante, porque, quanto mais se vive, mais coisas se aprende, só que junto vêm assuntos e questionamentos mais intricados.



O corpo. O espírito. As idéias. A falta de idéias. A fome. A sede. O frio e o calor. O sono. A preguiça. A euforia. O medo. O desejo. A queda. O recomeço. A vitória. A derrota. A euforia. O trabalho. O estudo. O ócio. A diversão. A família. Os amigos. Os amantes e amores. O sexo. O tesão. A cobiça. O ciúme. A ira. A gula. Os pais. Os filhos. Os netos. As certezas. As dúvidas. A comida. A bebida. O banho. O despertar. O deitar. O ler. O esporte. A música. O livro. A viagem. A casa. A rua. A cidade. O país. O completo. O vazio. A tristeza. A alegria. O riso. O choro. O abraço. O beijo. O cheiro. O sabor. A saliva. Os líquidos. Os fluídos. Tudo nos define. Tudo aquilo pelo que optamos ou não, fazemos, ou não, demonstra o que somos e desejamos. A forma como encontramos correspondência no mundo.


Já vivi uns 20 e tantos e, sinceramente, não sei se vivesse mais uns 200 e tanto saberia dizer o que realmente sou. Tornar-se quem verdadeiramente se é costuma ser muito complexo. Implica em posições, atitudes, comprometimentos e assumir determinadas posturas. E assumir carece coragem. Coragem para dar a cara para bater, para receber críticas. Coragem para mudarmos tudo de uma hora para outra, ainda que ninguém nos apóie. Coragem para o não e para o sim. Ou, se for o caso, coragem para se ver tão confuso em meio a tudo isso e resolver não pensar mais. Fechar os olhos. Colocar o pé na estrada e ir. Sempre. E ver no que isso vai dar.