quinta-feira, novembro 06, 2008

Perfilando o Perfil

Uma adolescente de 14 anos se olha no espelho e pergunta: quem eu sou? Um homem de 32 anos acorda e começa a se barbear. Surge a dúvida: será que era isso o que eu queria ser? Uma mulher de 50 anos olha para os filhos e indaga: serão eles parecidos comigo? Um idoso de 81 anos, em um almoço de domingo, olha para a mesa cheia, várias gerações ali representadas, e reflete: terão eles pequenos traços, gestos, que de alguma forma remetam a quem eu sou?


Acho essa história toda de saber quem se é abrangente demais. Tentarei partir do concreto para o abstrato e iniciar essa conversa. Sou uma mulher de 26 anos, residente de uma capital do país e em 1 ano estarei formada naquilo o que sempre desejei. Faço muitas coisas ao mesmo tempo, mas nem por isso as termino por completo. Talvez isso se deva a grande velocidade com que as idéias surgem em minha cabeça. Falta tempo e condições de executar tudo em tempo hábil. Talvez isso se deva ao fato de eu ser muitas coisas ao mesmo tempo. Talvez se deva ao fato de eu ser meio confusa e atrapalhada. Talvez seja uma reunião disso tudo. Ou de nada disso.


O fato é que em algum momento da vida, todos nós nos deparamos com essa pergunta: afinal, quem eu sou? E, infelizmente ou não, a idade nesse quesito não seja tão importante, porque, quanto mais se vive, mais coisas se aprende, só que junto vêm assuntos e questionamentos mais intricados.



O corpo. O espírito. As idéias. A falta de idéias. A fome. A sede. O frio e o calor. O sono. A preguiça. A euforia. O medo. O desejo. A queda. O recomeço. A vitória. A derrota. A euforia. O trabalho. O estudo. O ócio. A diversão. A família. Os amigos. Os amantes e amores. O sexo. O tesão. A cobiça. O ciúme. A ira. A gula. Os pais. Os filhos. Os netos. As certezas. As dúvidas. A comida. A bebida. O banho. O despertar. O deitar. O ler. O esporte. A música. O livro. A viagem. A casa. A rua. A cidade. O país. O completo. O vazio. A tristeza. A alegria. O riso. O choro. O abraço. O beijo. O cheiro. O sabor. A saliva. Os líquidos. Os fluídos. Tudo nos define. Tudo aquilo pelo que optamos ou não, fazemos, ou não, demonstra o que somos e desejamos. A forma como encontramos correspondência no mundo.


Já vivi uns 20 e tantos e, sinceramente, não sei se vivesse mais uns 200 e tanto saberia dizer o que realmente sou. Tornar-se quem verdadeiramente se é costuma ser muito complexo. Implica em posições, atitudes, comprometimentos e assumir determinadas posturas. E assumir carece coragem. Coragem para dar a cara para bater, para receber críticas. Coragem para mudarmos tudo de uma hora para outra, ainda que ninguém nos apóie. Coragem para o não e para o sim. Ou, se for o caso, coragem para se ver tão confuso em meio a tudo isso e resolver não pensar mais. Fechar os olhos. Colocar o pé na estrada e ir. Sempre. E ver no que isso vai dar.

Um comentário:

Abner Moreira disse...

Thanks dear. You are always welcome to the Island. Come back anytime. ;*