domingo, novembro 16, 2008

Só o Arroz ou Só o Feijão

Mudar de vida, de cidade, de time, de profissão, de amor, de roupa, de carro, de idéia. O quão estamos preparados para a mundança? O quão estamos atrelados aos nosso valores, costumes e opções?

Diferença de credo, posição política, raça, orientação sexual. Sabemos lidar verdadeiramente com a diferença? Que sentido damos a palavra tolerância? E a palavra liberdade?

Com toda a facilidade que temos de acesso às novidades e à pluralidade, mais e mais somos colocados em xeque diante do novo, do diferente. Claro que existe aquela concepção de que, por sermos todos da mesma espécie, somos todos iguais. O quanto disso, no entanto, conseguimos colocar em prática?

Nossas diferenças servem para nos identificar como seres únicos, com preferências distintas, mas isso não pode servir de impecilho para nossas relações. Não é porque ele é Flamengo e eu sou Botafogo que deixaremos o caldo entornar. A diferença tem de ser vista como algo muito rico, como uma oportunidade de conhecimento e evolução, e não de discórdia. Basta lembrarmos que nenhuma das culturas existentes surgiram isoladamente. Todas surgiram baseadas na troca, na necessidade de mudança. E esse conceito se estende ao indivíduo. Formamos nossa personalidade e tudo aquilo que nos pertence baseado no que vivemos. No acúmulo de experiências que adquirimos. Um ser humano é muito mais complexo do que aquilo que ele nos mostra pelo exterior. Todos têm o direito de fazer suas opções. Todos têm o direito de pertencer ao senso comum ou se manter fora dele. A fazer parte das maiorias ou das minorias. E devemos ser tolerantes com relação a isso.

E esse conceito de tolerência, em boa parte das vezes, adquire conotações meio distorcidas. Muitas pessoas encaram a tolerência como suportar algo. Como carregar um fardo permitindo que o outro se expresse em detrimento da sua liberdade. Primeiramente que a tolerência só adquire seu significado genuíno quando temos a diferença. E isso, não significa suportar, agüentar alguma coisa. Significa uma relação de liberdades fraternas. Significa ser livre e conceder liberdade de uma forma tranqüila. Sem imposição.

Desejamos e devemos ser mesmo diferentes. Diferentes para não sermos mais um na multidão. Diferentes para fazermos a diferença e não a desigualdade. Para reconhecermos o outro com o direito igualmente o nosso de mudar, questionar, optar. Até porque, essa história de comprar qualquer coisa só pelo rótulo ou por indicação não me parece ser o melhor. O melhor mesmo é se reinventar. E para isso, precisamos do outro. Daquele que é tão semelhante e ao mesmo tempo tão diferente de nós. E sejamos razoáveis: só o arroz ou só o feijão, sozinhos, não têm tanta graça. O bom mesmo é a combinação dos dois!

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