quinta-feira, dezembro 18, 2008

Newton, Galileu, Pascal, Einstein e Nós

Ao considerarmos a Física, concluímos que referencial é um sistema de coordenadas usado para se medir e registrar as grandezas, como velocidade, posição, aceleração, campos gravitacional e eletromagnético. Assim, cada observador deve escolher um referencial para que se possa realizar suas teorias e elaborar suas hipóteses. Baseado nisso, é importante saber que as conclusões tiradas das análises em dado referencial não podem depender da escolha, posição ou velocidade do referencial adotado pelo observador. Para que isto seja verdade, as leis da Física devem ser independentes do sistema de coordenadas escolhido pelo observador para sua formulação.

Está tudo muito complicado? Calma eu eu já explico! Resolvi me utilizar da Física, uma ciência exata, para refletirmos sobre um tema nada exato: o comportamento humano social. Tive essa idéia, quando, um dia desses, li a tese de mestrado de um psicólogo, Fernando Braga da Costa, onde ele aborda brilhantemente como estamos condicionados a tratar as pessoas de acordo com as funções que essas exercem. Em sua tese ele lança uma declaração fantástica e, porque não dizer, bombástica. Fernando diz: " Fingi ser gari por anos e vivi como um ser invisível". Confesso que fiquei chocada com isso em um primeiro momento. Logo depois, porém, comecei a refletir sobre o tema, mas principalmente a me auto-julgar. Tentei me lembrar de todas as vezes em que não dei "bom dia" , um "boa noite", um "como você está", um "até logo". E honestamente, me senti muito mal, porque me dei conta que eu simplesmente não lembrava. E por quê? Porque eu ajo, muitas vezes, como boa parte das pessoas agem. Ignoro. Ou o que é pior, nem percebo.

Certo. E o que a Física tem a ver com isso tudo? Tem a ver que tudo o que escolhemos, observamos, optamos, como nos comportamos, depende de um referencial. E nós, os observadores, quase que sempre, adotamos nosso referencial o correto, o genuíno, o único. Nesse momento, entretanto, podemos pensar que escolhemos o que escolhemos, somos o que somos e fazemos o que fazemos, porque tivemos determinadas experiências na vida que nos levaram a adotar determinadas posturas. Concordo. Agora tem um aspecto muito relevante: não é porque sempre tivemos um determinado "condicionamento" é que devemos continuar a executá-lo de forma contínua sem reflexão alguma. Somos seres pensantes não? Pois então! Acho que nesse quesito a Física pode nos ser de grande valia, já que nossas conclusões não podem depender de nossos referenciais, devem ser independentes disso, respeitando uma lei, que, no nosso caso, deve ser o respeito a outro ser humano. Humano que sofre, que tem fome e sede, que se alegra, que tem necessidades como as nossas. Humano que nos olha, mas nem olhamos. Humano que nos presta um serviço, mas em boa parte do tempo não damos o valor.

Newton, Galileu, Pascal e Einstein foram homens científicos, contribuíram muito para a humanidade. Avançamos em muitos aspectos, é verdade, mas infelizmente, há pontos onde somos seres pré-históricos. Evoluímos racionalmente, mas, estamos francamente aquém em aspectos sociais e humanos. Já está na hora de evoluirmos. Mudarmos. Fazermos, de cada um de nós, um Newton de nós mesmos. Porque, ainda que as leis da mecânica, estática ou quântica existam, há uma lei maior que devemos ter sempre em mente: a de sermos todos humanos, e, por isso, sermos todos iguais.







4 comentários:

Anônimo disse...

Física! Uma das melhores ciências...

Acho válida a comparação das atitudes humanas com a física, gostei bastante, mas não concordo em tudo... humanos são mutáveis, podem sair de um "Movimento uniforme" para um "uniformemente variado" em segundos...

Fato é que só vemos aquilo que nos é agradável, ou aquilo que nos é importante ver... o resto é resto... mas teimo em acreditar que isso pode ser mudado, basta querer e trabalhar em cima disso... é o que eu acho (ou quero acreditar)...

Lenna disse...

Há um tempo que estou pra comprareste ivro, mas ainda não o fiz... quem sabe em 2009!
Também sinto, às vezes, que avançamos muito na parte científica e tecnológica, mas pouco na humana. Mas também, a primeira se acumulam nos livros e se ensina nas escolas. Já a outra, bem mais lenta de ser passada a nós.
Não li o livro, então, só sei por alto do que se trata. Acho que aprendemos a valorizar certo grupos, em detrimento de outros, e isso causa esta discriminação. Mas também temos que pensar que vivemos com pressa, avoados, e não cumprimentamos todos a torto e a direito.
Notar se, ao chegar em certo lugar, escolhemos aqueles a quem cumprimentaremos, pode ser um exercício mais justo do que pensar que não notamos garis ou serventes por aí.

robson disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
robson disse...

sim o auto ego e a hipocrisia e uma verdade que esta em todos nos mesmo que ela esteja disfarçada de uma certa pressa que habitas nos nossos tao fatidicos dias. devemos ter e mente que somos todos de um mesmo lugar apesar de variações e derivados...