terça-feira, janeiro 13, 2009

A Segredo da Borboleta

Laura sentia-se estranha naquele dia. Desde o momento em que despertara pela manhã sabia que alguma coisa estava para acontecer. Remexeu e remexeu em seus pensamentos de 10 anos para ver se encontrava alguma razão para tudo aquilo, mas nada. Na verdade, até achou muitas coisas. Lembrou que pela manhã tinha comido bolo de chocolate que, definitivamente, era um dos melhores sabores do mundo. Foi então que se deu conta de um fato. Um fato realmente grande. Tão grande que a professora tinha contado isso para ela na aula de História. O dia em que o Brasil fora descoberto. O descobrimento do país onde ela morava. O lugarzinho onde estava a casa dela nessa imensidão da Terra. Ela não sabia que tamanho tinha a Terra, mas com certeza deveria ser enorme. Mas o que realmente a deixava intrigada era esse tal de Cabral. Que homem era essa que tinha descobreto um país todo? Quem ele era, ela não sabia, mas ela sabia que ele deveria ser importante, porque ele era dessas pessoas que se vê nos livros da escola, nos livros da biblioteca, na internet.

Embalada por essa idéia, Laura saiu a caminhar pelo quintal de casa. Pensava que, se Cabral fora capaz de descobrir um país inteiro do outro lado do mundo, ela, uma meninda de 10 anos, conseguiria descobrir alguma coisa também, nem que fosse no quintal de casa. Olhava com atenção para as plantas, para as pedras, para as flores. Essas lhe pareciam coloridas, bonitas, mas não dignas de descoberta, até porque se estavam no pátio da sua casa, a sua mãe é que as teria descoberto, já que tinha sido sua mãe que as havia plantado. Foi quando, por um segundo, viu uma cena que lhe chamou atenção. À princípio não sabia o que era, então precisou se abaixar e ficar um pouco mais pertinho. Achou estranho. Parecia uma pedra, algo que nunca tinha visto. O estranho era que parecia que aquilo ganhava vida. Continuou a observar. Espantou-se! Aquela suposta pedrinha não era bem uma pedra, era como que uma capinha, uma bolsinha que estava se abrindo. E para a surpresa dela um colorido surgia de dentro. Uma asa? Seria aquilo uma asa? Sim! Era uma asa de borboleta! Laura havia descoberto, com seus próprios olhos, de onde as borboletas vinham. Com certeza essa era uma descoberta importante! Teria Cabral ficado tão emocionado como ela no momento em que descobrira o Brasil? Isso ela não sabia, mas sabia que tinha visto alguma coisa muito importante.

Entrou rápido em casa e foi direto à biblioteca do pai. Ela precisava ter certeza de que ninguém, realmente ninguém, tivera descoberto algo tão maravilhoso. Avistou um livro grande na prateleira. Enciclopédia. Pensou que, se alguém tivesse descoberto alguma coisa sobre borboletas antes, um livro grande como aquele deveria ter alguma coisa. Procurou borboleta. Página 432. Ficou estática. Não poderia acreditar no que via. Ela chegara atrasada. Alguém já havia descoberto o segredo, um segredo que era só dela. Laura fechou o livro triste. Ficou pensando. Quieta. Refletindo. Eis que lhe surge uma idéia nova. Se ela, que vira com seus próprios olhos a borboleta não a descobriu, teria Cabral de fato descoberto o Brasil? Teria sido mesmo ele ou outra pessoa? Isso ela não sabia. Só sabia, que naquela tarde de primavera, ela era a menina mais importante de todas, porque tinha visto uma das coisas mais formidáveis até então já inventadas: o segredo da borboleta.

Um comentário:

allya disse...

I'm really sorry but I can't read your posts as I don't speak your language. Best regards!